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Projeto Nossa Cultura, Nossa Gente de Altaneira


BIOGRAFIAS DOS ENTREVISTADOS NO PROJETO. 

ÍNDICE DE ENTREVISTADOS - SEQUÊNCIA
1- ODÍZIA PEREIRA DE LIMA
2- MICENO PEREIRA DA SILVA
3- DONA ANGELITA - DANÇA DE SÃO GONÇALO 
4- DOCA DIMA - BANDA DE PÍFANO - ZABUMBA 
5- EDWILSON DA SILVA - MESTRE DE CAPOEIRA 





Mestra: Odízia Pereira de Lima

Nome Artístico: Dona Odízia

Ofício: Artesã- Costureira

 

Artesã e costureira altaneirense, Odízia Pereira de Lima é uma pernambucana nascida no Sítio Cachoeira no dia 23 de Agosto de 1953, município de Santa Cruz da Baixa Verde. Filha de José Flor de Lima e de Silvina Pereira de Lima. Atualmente, reside no município de Altaneira/CE.

Dona Odízia, como é popularmente chamada, casou-se com o seu Antonio Gonçalves de Lima, e deste matrimônio originaram-se três filhas: Miscerlândia Gonçalves de Lima; Joscerlândia Gonçalves de Lima e Leidiane Gonçalves de Lima. Hoje em dia, dona Odízia está aposentada, mas continua exercendo a profissão de artesã com muito empenho e amor! Ela afirma que não faz parte de nenhuma associação de artesãs e costureiras, mas que desenvolve seu trabalho com muito capricho, e que enfrentou muitos obstáculos no início da aprendizagem de sua arte.

A Artesã iniciou as atividades no artesanato e costura ainda muito jovem. Aprendeu o ofício com a sua mãe que, também, era costureira e foi a sua grande mestra no desenvolvimento e aprimoramento de sua arte. Com apenas cinco de anos de idade, ela já pegava os tecidos que a mãe utulizaria para fazer roupas e outras encomendas e já fazia alguns cortes, daí por diante ela continuou fazendo e não parou mais. Dona Odízia alega que não tem pretensão de parar tão cedo, mesmo com a idade que está atualmente, pois está sempre se movimentando e fazendo o que gosta com muita dedicação, paciência e amor.

Dona Odízia vem sempre procurando se aperfeiçoar e tem cursos que ajudam muito na sua profissão, pois, segundo a artesã, é o que ama fazer e que culminou no reconhecimento de uma das melhores costureiras que, além de tudo, faz belas artes no seu ofício de artesanato e, ainda, recebe encomendas que vendem no município de Altaneira e cidades vizinhas.

Nossa costureira relata que se ela não estiver fazendo algum trabalho relacionado à costura ou artesanato, ela se sente doente. As vezes passa a noite inteira fazendo algum trabalho, pois é o que gosta de fazer e não aceita ficar parada. Por esses importantes motivos o Governo Municipal Altaneira nas Mãos do Povo, por meio da Secretária de Cultura, Esporte, Turismo e Juventude elaboraram esse rico documentário da história de vida e obra da senhora Odízia Pereira de Lima com o Projeto Nossa Gente, Nossa Cultura de Altaneira/CE.

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Mestre: Miceno Pereira da Silva

Nome Artístico: Seu Miceno

Ofício: Violeiro, repentista.

 

Seu Miceno, cujo nome completo é Miceno Pereira da Silva, nasceu no dia 01 de Agosto de 1937, no sitio Cedro, distrito de Amaro, município de Assaré - Ceará. Aos 85 anos, reside atualmente na cidade Altaneira.


Filho de Antonio Pereira da Silva e Maria Felix Pátria Ribeiro, Seu Miceno, como é popularmente conhecido, é um, dos oito filhos do casal. Helena, Maria, José, Joana, Nilo, Miceno, Francisca e outro José, o caçula da irmandade. Casou-se com Maria Sucena da Silva, com quem viveu 32 anos, ficou viúvo em 1998, casou-se pela segunda vez em 1999 com Francisca Batista da Silva com quem viveu por oito anos. O mestre possui uma filha que se chama Domiciana.

O Mestre Miceno Pereira iniciou a fazer versos, a partir dos dez anos de idade, após a realização do casamento de sua irmã, no sitio Samambaia, vizinho ao sitio Papamel, onde presenciou a cantoria de Alexandre e Patativa. No seu cotidiano, em atividade na agricultura, colhendo algodão por trás de casa, foi fazendo seus primeiros versos, e criando noção dessa arte, assim como também a convivência com os violeiros da época, foi se firmando como cantador.

Jovem, com origem de trabalhador do campo, Miceno cresceu na agricultura e pouco estudou. Aos 27 anos, ainda solteiro, começou cantar viola com grandes violeiros, a exemplo Patativa do Assaré.

O repentista e violeiro Miceno expressou sua arte em programas de rádio da região de Assaré, Potengi, Várzea Alegre, Farias Brito, Antonina do Norte e Altaneira. Os festivais de Potengi e Campos Sales. Assim como, se apresentar em casa de famílias e renovações.

As criações de Seu Miceno são realizadas de forma simples e natural com papel e caneta, tendo como inspiração suas vivencias, o seu dia a dia. Cantar e escrever são as principais atividades realizadas por ele, assim, ele possui Diplomas como marca registrada de sua expressão artística, além da produção bibliográfica e sonorização de CD. O Livro Versos Diversos de um cantador de Viola, publicado em 2006 através do Banco do Nordeste.

Atualmente, Miceno Pereira reside em Altaneira, onde publicou o cordel “As origens de um poeta” contando um pouco de sua trajetória, por meio da Secretaria de cultura. O mesmo, mantém viva a tradição de Renovação em sua residência, o dia 10 de Agosto renovação do “Coração de Jesus”. E continua a expressar sua arte, até o presente momento.



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Mestre: Maria Izabel da Silva

Nome Artístico: Dona Angelita

Ofício: Religiosidade – Dança do São Gonçalo

 

            Dona Angelita, cujo nome completo é Maria Izabel da Silva, nasceu  no dia 26 de novembro de 1942 na cidade de Crato.

            Filha de José Serafim Lopes e Maria Glória Lopes, casou-se com José Rodrigues da Silva, e deste matrimônio, originaram-se sete filhos: Cícero Rodrigues da Silva, Antônia Rodrigues da Silva, Ana Lucia Rodrigues da Silva, Maria Lucia Rodrigues da Silva, Maria Glória Rodrigues Carvalho, Joaquim Rodrigues da Silva e Francisco Teles da Silva, atualmente está aposentada, mas trabalhou a vida inteira na agricultura.

            A Mestra iniciou as atividades no reizado, na dança do São Gonçalo, no São João (festa junina) e na dança do coco aos 15 anos de idade, e nessa mesma época já deu inicio também a sua atividade como rezadeira. O ponto de partida de tudo foi a cidade de Altaneira e todas as suas atividades foram desenvolvidas por conta própria, contando, claro, com o seu dom e com a influência da sua mãe, que por sinal, era a rezadeira e parteira da cidade.

            Dona Angelita desenvolve a sua arte onde é requisitada, e muitas pessoas a chamam por conta de promessas, outras, para conhecer a sua arte. Hoje, o grupo conta com aproximadamente cinquenta pessoas, mas para as apresentações, são apenas doze e além destas doze, há também dois canelas e dois mestres. Os instrumentos utilizados nestas apresentações são o violão e o tambor.

            A Mestra relata que recita os cantos/os versos e as outras integrantes do grupo vão respondendo e há todo um ritual a ser feito: o santo é pego antes, na casa da pessoa que requisitou e levado para outro local. Na hora marcada, o santo é pego pelo grupo e a partir daí, tem-se inicio a apresentação. Esta prática é mais solicitada nos meses de abril e março principalmente no São Gonçalo, no Tabuleiro, no São José, no Sítio São João, no Munduri e no Juazeiro.

            Para a Dança do São Gonçalo sua maior influência foi a sua mãe e lhe foi ensinada pelo Mestre Anâncio, mas não deixemos de lado, contudo, que a maior razão para praticar, é o seu dom. A Dança e a reza, dessarte, são as atividades por ela mais praticadas atualmente, mas além destas, Dona Angelita efetua, mesmo com menos ocorrência, o Casamento do São João da Roça – no período de festivais juninos.

            Como local de ensaio, o grupo  utilizado o espaço da ARCA e segundo o testemunho da Mestra, o grupo é carente de apoio, uma vez que ainda não foi contemplado com nenhum auxilio governamental. As ajudas financeiras que conseguem são oferecidas, na maioria das vezes, por pessoas que requisitam as apresentações, entretanto, como nos conta a Mestra a ajuda é recusada, pois levando em consideração a quantidade de pessoas, nem todas seriam beneficiadas; assim sendo, se é optado recusar.

            Dona Angelita relata que para ela, os principais problemas enfrentados é a sua saúde, pois já sendo idosa, esta já está fragilizada e também, como já citada, a falta de ajuda financeira é outro fator problemático.

            O seu conhecimento é repassado através de suas atuações junto do seu grupo e devido ao longo tempo que atuam juntos, o grupo atualmente, como relata a Mestra, se encontra apto para dar continuidade a tradição, uma vez que a cada apresentação, é uma aprendizagem significativa.

            Como forma de deixar a sua arte e seu conhecimento registrado, Dona Angelita possui fotografias, diplomas e DVD’s. 

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Mestre: Francisco Dima Gonçalves

Nome Artístico: Doca Dima

Ofício: Zabumbeiro

 

            Doca Dima, cujo nome completo é Francisco Dima Gonçalves, nasceu no dia 15 de janeiro de 1948 no Sítio Vassourinha, no município de Altaneira.

            Filho de Joaquim Dima Gonçalves e Antônia Batista de Lima, casou-se com Albertina Alves da Silva e deste matrimônio nasceram quatro filhos, sendo eles: Gilson Alves Gonçalves, Antônio Gilval Alves Gonçalves, Antônia Nailê Alves Gonçalves e Francisco Júnior Alves Gonçalves.

            Seu Doca, como popularmente é conhecido, trabalhou desde os oito anos de idade e até o presente momento, trabalha na agricultura mesmo já estando aposentado e possui, dessa arte, essas fontes de renda para o sustento da família.

Iniciou seu trabalho na arte há vinte anos com a influência de João Zuba (In Memória) e Seu Luiz, sendo ambos pifeiros. Sempre desenvolveu suas expressões culturais nos municípios de Altaneira e Assaré e o grupo do qual ele faz parte, a Banda Cabaçal de Altaneira, é formado por quatro pessoas: o zabumbeiro, o tocador de caixa e dois pifeiros.

            De acordo com o rico conhecimento de Seu Doca, o zabumba pode ser comprado já feito em lojas, mas também pode ser confeccionado em casa com as madeiras tamboril e camarú e dever ser esticado/amarrado com cordas de seda. O Mestre Doca não possui a habilidade de construir o instrumento, mas sempre indica para realizar esse importante trabalho, os Mestres Irmãos Anicetos.

            A principal atividade cultural desenvolvida por Seu Doca é o zabumba na Banda Cabaçal de Altaneira, sendo que a mesma tem o maior período de apresentações do ano em setembro, quando ocorre a festa da padroeira do município de Assaré, sendo bastante requisitada também nesse período na Serra do Valério, e em outubro, época da festa da padroeira do município de Altaneira, tendo também muitas apresentações no Sitio Poças nesta temporada.

            Já citados anteriormente, João Zuba (In Memória) e Seu Luiz, ambos pifeiros, viram o Mestre Doca ainda no inicio de sua carreira e percebendo o seu talento e potencial, o convidaram para integrar a Banda Cabaçal de Altaneira, onde até hoje, dá continuidade a tradição; tendo assumido definitivamente, há doze anos, a função de zabumbeiro oficial. O espaço utilizado para os ensaios do grupo é a residência de Seu Luiz.

Os recursos do grupo sempre foram limitados, uma vez que são adquiridos através de colaboração e doações, portanto, é notória a carência de melhor incentivo por meio de políticas publicas, visto que, em toda sua trajetória com o Mestre Doca, o grupo nunca participou de algum programa de ajuda governamental; as ajudas e incentivos sempre foram por meio de doações da sociedade civil. 

            Os maiores problemas enfrentados, informa o Mestre Doca, é a falta do instrumento próprio, pois o mesmo tem sempre que pedir emprestado. Ressaltou também, a falta de oportunidade na criação de uma oficina para repassar o seu conhecimento, pois isso acaba ocasionando a falta de interesse na população e o priva de transmitir sua sabedoria.

            Como registro permanente de sua arte, o Mestre possui CDs de suas músicas tocadas e vídeos de apresentações. 

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Mestre: Francisco Edwilson da Silva

Nome Artístico: Mestre Edwilson

Ofício: Mestre de Capoeira

 

            Edwilson, cujo nome completo é Francisco Edwilson da Silva, nasceu na cidade do Crato, no dia 14 de janeiro de 1971.

            Filho de Edmilson Alves da Silva e Maria de Araujo Silva causou-se com Iranilda Rodrigues e deste matrimônio nasceram três filhas: Laísa Rodrigues da Silva, Taíza Rodrigues da Silva e Raíza Rodrigues da Silva.

            O Mestre iniciou as atividades na Capoeira ainda muito jovem, com apenas oito anos de idade, ainda na cidade do Crato na Caixa d’Água com o Mestre Edinaldo Amaro Santana, conhecido como Belóa – que por sinal, foi o seu primeiro mestre –, tendo sua influência para esse inicio advinda do Mestre Paulino. Não sendo o único a influenciar, em São Paulo, teve o Mestre Batestaca, pelo qual, aliás, foi formado professor. Já o titulo de Mestre, ele obteve há 15 anos, no município de Altaneira: obteve sua graduação reconhecida e entregue pelo Mestre Jorge Ceará (falecido).

            De volta ao Ceará, no município de Altaneira – onde atualmente pratica e repassa sua arte – deu continuidade ao seu trabalho com o Mestre Jorge Ceará (In Memória), e também neste referido município, o Mestre desenvolve sua expressão cultural juntamente com o Mestre Chico Ceará, mais especificamente, em um espaço cedido pela Prefeitura Municipal bem como em um outro local cedido por um de seus alunos, local este que por sua vez, é a sede do Grupo Arte e Tradição de Altaneira no qual conta, em média, com quarenta alunos.

            O forte da arte do Mestre Edwilson é a Capoeira, sendo que na mesma, é também trabalhado o Maculelê e o Samba de Roda. Para estas práticas são utilizadas o berimbau, o reco-reco, o agogô e o atabaco, juntamente com o pandeiro. Há também as danças, que são as gingas; e os cânticos, que além dos tradicionais, muitas vezes são compostos pelos alunos.

            Como já citado, as principais atividades praticadas pelo Mestre Edwilson é a Capoeira, em toda a sua essência e o Maculelê e suas manifestações ocorrem durante o ano inteiro, tendo outubro (festa da padroeira), novembro (período da Consciência Negra) e dezembro (festa do município de Altaneira) como os períodos mais requisitados.

            Quando falado em suporte, o Mestre testemunha que sempre foi apoiado por programas municipais, onde recebe subsídio para ministrar suas aulas gratuitamente, em contrapartida, relata que na esfera de programas estaduais e federais, nem ele e nem o grupo foram contemplados ainda.

            Além de dedicar-se a sua arte, o Mestre Edwilson declara que também exerce sua profissão de autônomo com vendas e trocas de veículos e nas horas vagas, executa seu hobby/dom de artista plástico com pinturas.

            Como todas as atividades a serem desenvolvidas, algumas adversidades inevitavelmente irão surgir; nesse caso, não foi diferente, e a maior dificuldade relatada pelo Mestre, é a limitação de apoio na questão do espaço, principalmente no quesito de manutenção do cotidiano. Felizmente, ele, juntamente com seus alunos, está em busca de uma solução para este percalço.

            O Mestre repassa sua arte para seus alunos por meio de aulas, assim como aprendeu com seus Mestres. E além de aulas específicas, há também as rodas de conversas, onde o mesmo está sempre fortalecendo a educação e a cidadania de seus alunos.

            E para que mais pessoas possam conhecer o seu trabalho, o Mestre Edwilson conta com um vasto acervo de imagens, vídeos, DVDs, fotos e documentários da sua arte.


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